domingo, 17 de abril de 2016

Definição do "Belo" por Jaqueline Oliveira:

Quer falar de Belo?

Então vamos falar sobre Belo.

No dicionário, belo é um adjetivo, com pelo menos dois significados:
1. Que tem formas e proporções harmônicas; bonito.
2. Que produz uma viva impressão de deleite e admiração.

Vamos falar sobre o primeiro significado, na história da Arte podemos observar que o conceito de Belo estava relacionado a algumas características, como ordem, proporção e simetria, ou seja, “que tem formas e proporções harmônicas” o que o torna nessa ideia, bonito.
Muitos artistas aderiram este conceito estético para atribuir o belo em suas obras, com esculturas com tamanhos proporcionais e pinturas com simetria. O uso dessa “obrigatoriedade” pode ser observado nas obras de Rafael Sanzio, onde utiliza formas geométricas, como triângulos, para colocar em ordem a distribuição da pintura. Também pode ser visto nas obras de Rafael, a utilização da simetria, que nada mais é que a semelhança entre objetos, ou parte deles, que estejam posicionados em lados opostos de uma linha média. E a proporção, podemos visualizar em várias esculturas desde a Idade Média até os dias atuais, com a altura, largura e disposição dos membros corretamente proporcionais entre eles.
Isto descrito acima são as características formais de Belo nas Artes. Características pensadas na Grécia Antiga e que dura até os dias atuais.

Mas onde fica a beleza em algumas obras de Picasso, como Guernica e Demoiselles d'Avignon? Conteúdo e significado há e muito, porém, não tem nada do que a Arte conceitua como Belo, não há simetrias, nem proporções e muito menos ordem!

Poderia assim dizer que o Belo, parte da visão do observador e não das regras impostas? Podemos escolher então o significado número 2 do dicionário? E descartar o primeiro, visto que o observador pode achar Belo a obra de Picasso e a de Rafael uma obra simplista demais, ou “bonitinha” apenas? Ou é tudo junto e misturado e o FEIO será extinto do vocabulário?













Estátua de Davi, de Michelangelo.
Proporção dos membros.










Rafael Sanzio, As três Graças.
Simetria entre as mulheres e seus braços e pernas, e tbm na cabeça.





Pablo Picasso, Guernica.
Nada de ordem, nada de simetria e zero proporção! Emoticon confused_rev
E é Belo mesmo assim!!

















Pablo Picasso, Demoiselle D'Avignon.
Nada de características Belas..
Embora, seja belo!!

















Emoticon winkRafael Sanzio, A Sagrada Família Canigiani.
Esquema piramidal para manter uma ordem.


Para muitos, Belo é a perfeição! Fato!! Pois está relacionado a estética e estética, é definido como um ramo da filosofia que tem por objetivo o estudo da natureza da beleza e dos fundamentos da arte. Ou seja, o buraco é mais embaixo, não é simplesmente achar bonito ou feio... E quem define o que deva ser? Se tal coisa é belo ou não? A filosofia? O crítico? O julgamento do observador? No fim, a estética também tem o objetivo de julgar se tal coisa é belo ou feio, desprovido de beleza, ridículo. Ué? Eu não posso sair por aí achando qualquer coisa na minha frente ridícula? Como assim? Não, não pode! Nossos consagrados filósofos dedicaram muito tempo para definir o que era ser belo, e não vai ser você em 2016 que mudará isso, certo?

Começando com Sócrates, que foi um dos primeiros a estudar a estética, mas pulou fora alegando que era incapaz de explicar o que era belo em si. Por outro lado, Platão foi firme e direto ao dizer que o belo não depende da materialidade da coisa, e sim num campo mais sensível, o belo para ele, estava presente no bem, na verdade e ao imutável e perfeito. Não se podia, a partir do ‘belo supremo’, inventar novos “belos”, e sim apenas copiá-los e essa concepção platônica perdurou pela arte ocidental e grega até final do século XVIII.

Já para nosso pupilo Aristóteles, belo não era imutável e eterno, podia evoluir, torna-se belo, o que quebraria a ideia da perfeição e da beleza suprema, tornou o belo algo tangível e material, e não apenas como “a ideia platônica intangível da suprema beleza”. Mas atribuiu regras, como as regras citadas no post anterior, para Aristóteles ser belo devia seguir características determinadas, entre elas, a grandeza, e imponência e ao mesmo tempo proporção, havendo uma harmonia entre eles.

Para Plotino, o belo não pertence e não pode pertencer a ninguém, senão a si próprio. Ou seja, não deve haver padrões estabelecidos, pois o belo pertence a mim e eu crio meus padrões de acordo com minhas convicções.

Immanuel Kant, o que trouxe uma maior aceitação da conceituação de belo, acreditava que o julgamento estético vem dos sentimentos e do emocional do ser humano, o sentimento de prazer e desprazer, que formam o juízo do gosto. Para Kant, belo não podia ser descrito com a lógica, pois era impossível encontrar regras teóricas para a construção do Beleza.

Então, podemos ver que a briga de “quem define o que é belo ou não” vem de séculos, mas ainda assim, acredito no juízo do gosto, e que a beleza depende das sensações, do que sentimos quando avistamos algo, esse sentimento é pessoal e intransferível. Ou seja, Kant para presidente e Plotino para vice!!  kkkkkk












Jaqueline Oliveira
É Sócia Proprietária da Porto Prateleiras, Designer de Interiores e atualmente estudante de Arquitetura na 
FIMCA - Faculdades Integradas Aparício Carvalho - Porto Velho - Rondônia



A Jake é nossa amiga e participa dos debates de marcenaria, design e arquitetura desde a época do falecido Orkut. Ela postou inicialmente esta reflexão em seu perfil motivada por um debate que estava rolando onde o tema "belo" veio à tona.

Em seu perfil postei minhas considerações:

Adoro a psicanálise... Por esta ótica podemos explicar a definição do belo como sendo uma construção de uma percepção que começou nos primórdios do homem como ser social e se mostra contínua. Através da nossa memória arquétipa, eis que geneticamente herdamos de nossos ancestrais tais conceitos que são reafirmados na criação e convivência com nossos semelhantes. Muitas vezes achamos algo feio apenas para ir contra a opinião da maioria, mas até nesta atitude estamos seguindo uma pré- programação... A percepção do belo também é efêmera devido às tendências x modismos e gira em ciclos, loops infinitos randômicos para disfarçar, claro! Kkkk
De tempos em tempos há uma ruptura brutal destes ciclos efêmeros... O modernismo foi uma delas, talvez a maior... A transformação dos meios do trabalho forçaram o surgimento de um novo senso estético para se adequar ao progresso, necessidade recíproca, congênita. (Luiz Mariano)

Grupo do Facebook: Marcenaria BRASIL

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