domingo, 25 de agosto de 2019

Qual a função do Designer e do Arquiteto???

Designer Renata Amaral e o Marceneiro Luiz Mariano


Sábado, dia 24/08/2019, levantei este debate no Grupo Marcenaria BRASIL motivado por outro debate que ocorreu num grupo de Arquitetura sobre a defasagem do ensino superior perante as demandas reais da sociedade contemporânea... Uma arquiteta chamada Isabela Moreira abriu um tópico para reclamar que estudantes de arquitetura não saem aptos a detalhar projetos de reforma que envolvem marcenaria, marmoraria, serralheria, etc. (Segue o Link).

Mas qual é a verdadeira função da faculdade?

Foi defendido que a função de formar profissionais prontos para o mercado de trabalho é dos cursos técnicos, já a faculdade possui a nobre função de formar questionadores aptos a evolucionar e até revolucionar os meios de produção, fazer a manutenção ou instaurar novos sistemas de trabalho, novas metodologias, etc. Tanto o curso de Arquitetura quanto o de Design de Interiores possui um aspecto GENERALISTA, o profissional é treinado para aprender a Lógica Projectual, a metodologia, as técnicas criativas que lhe permitem a fazer as perguntas certas, pois as respostas até o Google dá de "graça". Mas JAMAIS um curso superior vai formar um profissional que possui pleno domínio de todos os trâmites técnicos de todas as áreas envolvidas numa Obra de Construção Civil e Reformas, isso é humanamente impossível e totalmente desnecessário. A função dos Designers e Arquitetos é especificar, nortear, mostrar através de seu projeto o que deve ser feito, o objetivo desejado e aprovado pelo cliente, além de relacionar organicamente todos os elementos envolvidos na obra, esteticamente e funcionalmente, em harmonia.

Uma vez que o profissional de Arquitetura ou Designer de Interiores se especializa numa determinada área, esse deixa de atuar como arquiteto/designer, deixa de ser um GENERALISTA para se tornar um ESPECIALISTA. Pois a nobre função destes especificadores é se preocupar com o todo, com todos os aspectos tangíveis e intangíveis inerentes à obra. Cabe a este profissional através do seu projeto e quem sabe somando ao gerenciamento da obra mostrar o que deve ser feito, e cabe aos especialistas de cada área envolvida dar o suporte técnico mostrando como fazer, simples assim, cada macaco no seu galho como é defendido por muitos.

Tudo bem que o Designer de Interiores por certa ótica é mais especialista do que o arquiteto, pois seu foco maior é interiores, é especializado nisso e possui uma abordagem mais humana e individualizada do que o arquiteto com suas normas e mais normas que tratam o indivíduo por uma ótica coletiva, doutrinadora. Sempre digo que o designer é um metafórico transgressor.

Sendo assim concluo que não é função do arquiteto/designer saber detalhar móveis de uma forma 100% executável, pois não é, e nem deve ser, sua função conhecer a fundo todos os procedimentos técnicos necessários para elaborar um projeto executivo de móveis, principalmente quando são complexos, autorais.

Bom lembrar que também existe toda uma problemática em relação à empresa/marceneiro que vai executar o projeto, pois cada um possui uma metodologia e estrutura fabril diferenciada, e isso deve ser respeitado, caso contrário será um tiro no próprio pé, a margem de erro será gigantesca além da verdadeiras potencialidades não serem aproveitadas. O contexto deve ser respeitado, o potencial dos envolvidos, pois a coisa não é, e nunca será, preto no branco.

No debate tive o prazer de poder contar com a participação da ilustre Designer de Interiores, Renata Amaral, que obviamente descordou da minha visão em algumas partes...

Renata Amaral Concordo 100%!! Detalhar uma marcenaria, com todas as medidas, ferragens consideradas e acabamentos determinados. Nada pode sair para execução sem ter sido avaliado todos os pormenores, ou o prejuízo é certo, e não vale pedir para o marceneiro quebrar um galho, não é justo, ainda que seja seu parceiro.

Luiz Mariano Renata Amaral então você não concorda comigo.... Pois defendo que o trabalho do arquiteto e do designer de interiores é apenas nortear, especificar, dizer o que deve ser feito, qual o objetivo.....além de relacionar os móveis com toda a obra e demais prestadores de serviço, harmonia, orgânico ......já o ESPECIALISTA em móveis é quem possui a função de apontar as soluções técnicas para atender o pedido....para isso é necessário comunicação e respeito.

A não ser que vc esteja dizendo que juntamente com o parceiro ESPECIALISTA em móveis o arquiteto ou o designer de interiores vai buscar a melhor solução técnica antes de elaborar o detalhamento técnico e apresentar ao cliente..... Aí concordo! ..... Pois depois fica ruim mudar qualquer detalhe, isso abre margem para conflitos com o cliente, com certa razão ainda.

Renata Amaral Luiz Mariano não concordo mesmo, mas acho que há uma diferença no entendimento do que considera um projeto executivo de marcenaria, e o que eu considero. Muitas vezes recorro ao profissional para que ele me oriente tecnicamente em algum quesito, e eu possa, desta forma, colocar no projeto executivo aquilo que acordamos como sendo o melhor caminho,

Neste momento outro membro do grupo interagiu...

Leila Correia Acredito que a função do arquiteto é saber fazer uma planta humanizada em conformidade com as normas e medidas de ergonomia, qto a detalhamento de móveis isso é com o profissional especializado, é claro que o gosto do cliente será respeitado e bem representado pelo profissional moveleiro que busca fazer um bom trabalho e satisfazer ao cliente. Mas pra mim, arquiteto é algo totalmente diferente de um profissional moveleiro, e depende sim deste olhar específico deste profissional.

Luiz Mariano Leila Correia perfeito! Isso pra mim é 1+1=2........ Pois se for assim o arquiteto/designer também seria automaticamente obrigado a entender a fundo marmoraria, elétrica, hidráulica, iluminação, etc... Isso é humanamente impossível, inviável, devaneio ...... Mas o mercado espera isso deles, olha só que doidera!!!

Renata Amaral Luiz Mariano não faço projeto executivo de hidráulica (chamamos projeto de instalações) para isto há empresas especializadas nestes projetos, comandadas por engenheiros, exceto a planta modificativo de construir e demolir, e apontamento dos novos pontos. Tenho sim que ter noções básicas para fazer uma alteração de esgoto, ou a estrutura do espaço para verificar se aquele projeto é exequível. O mesmo vale para elétrica, quem faz o “projeto executivo” de elétrica é um engenheiro através do projeto de instalações. Apontamos os pontos de elétrica que deverão ser alterados para adequação ao novo layout, mas sim, temos que ter noções básicas para fazer qualquer proposição neste sentido também, pois podemos promover sobrecarga do quadro elétrico, ou seja, temos que ter conhecimento básico de tudo para fazer um projeto.

Renata Amaral Lembre, o projeto executivo é feito depois de todas as etapas aprovadas com o cliente. Imagine como seria desagradável se não tivéssemos o cuidado de ver/saber a exequibilidade daquilo que estamos propondo, e só fôssemos verificar no projeto executivo, chegando com o penico na mão para o cliente e dizendo que estava louca quando propus aquilo, pois não tem como executar?

Luiz Mariano Renata Amaral acho que vc acaba de concordar comigo e talvez nem percebeu.... Qual a diferença do mobiliário para estas outras áreas por ti citadas? Por que com móveis a coisa é diferente e o designer ou arquiteto precisa ter domínio total???

Tivemos outras participações com outras visões, segue o Link AQUI do debate.

Gravei uma Live ao Vivo também para esclarecer minha visão, segue o Link AQUI.


Luiz Mariano 

AUTODIDATA apaixonado por marcenaria, design, arquitetura, arte, debate, filosofia, etc...

Participem também de nossos grupos no Facebook:





domingo, 14 de julho de 2019

Ramo Moveleiro - A era dos autônomos





Postei esta chamada para debate no Grupo Marcenaria BRASIL hoje e tivemos uma participação tímida, porém edificante, deu para fazer a turma refletir um pouco sobre o que está ocorrendo no grande mercado. (ACESSE O DEBATE AQUI).

Alguns amigos do ramo defendem que as lojas/fabricantes de modulados sentem maior concorrência dos fabricantes de seriados para as lojas de magazine, enquanto as marcas mais renomadas dos móveis planejados 100% editáveis atendem a classe A e B diretamente, ou através de especificadores (designers, arquitetos e decoradores), num mercado que dificilmente o marceneiro comum consegue chegar. Fica para o marceneiro um nicho de mercado próprio onde estes gigantes não chegam, pois não há viabilidade.

Mas agora, devido a crise, os especificadores passaram a comprar os móveis direto de fábricas, que se auto rotularam como "sob medidas", ou revendas que possuem plano de corte, bordeamento e furação que dão até suporte técnico em projetos e depois basta contratar por fora montadores indicados pelas mesmas. Existem até associações de montadores agora que atuam via APP e Site.

Mas a pergunta que não se cala:

Há montadores qualificados no mercado pra atender toda essa demanda?
Existem cursos específicos para captar interessados e dar o treinamento adequado?
Os montadores são valorizados adequadamente e possuem o mínimo de segurança?



No debate o Adriano Pimenta da Léo sob Medida defendeu que estes profissionais especificadores (designers, arquitetos e decoradores) não querem se responsabilizar por todo o processo de marcenaria....

"Esses profissionais não se interessam em assumir a responsabilidade total da marcenaria, não tem conhecimento técnico pra isso, se fosse assim tb poderiam montar a marcenaria, aqui na Sob Medida trabalhamos somente com quem tem propriedade de executar marcenaria . Vendemos somente para profissionais como vc, não existe essa tendência pois o móvel no Brasil tem um nível de complexidade que exige conhecimento,arquitetos e Designers estudaram para criar tendências, não tem nenhuma vivência em estruturação, por isso esse mercado é muito improvável que surja, e com certeza não seremos nós da Sob medida a fomentar, seria uma nova faculdade, vocês estão prontos ."

Minha resposta:

"Gosto do seu discurso.... Mas percebo outra tendência no mercado, e é esta que postei.... Porém também acho que não vai virar moda exatamente por causa de tudo o que vc postou.... A não ser que um ARQUITETO DE VERDADE crie e ajuste este novo sistema de trabalho...... Digo por uma abordagem coletiva, claro...... Resta saber qual sistema oferece mais vantagens à sociedade como um todo antes de fomentar qualquer vertente, claro.....analisar impactos....Uma coisa não pode ser negada: Estamos na era dos autônomos, dos freelancers!!!"

No desenrolar do debate deu pra perceber uma forte reação contrária a este movimento de centralização das atividades nas mãos de autônomos (MEI), freelancers e informais... Percebi bastante preconceito e falta de visão social perante a crise.

Obviamente que tudo isso tende a passar com o recuo da crise, porém acredito mais num contexto onde autônomos bem resolvidos vão dominar o mercado atuando através de sistemas de associação/cooperativas do que um retorno ao sistema anterior onde poucos empresários ganhavam muito assinando a carteira de trabalho de equipes enormes onde cada um cuidava de um processo.

Com o advento da indústria 4.0 no setor moveleiro teremos fábricas totalmente automatizadas servindo sistemas cada vez mais complexos de autônomos via APPs, e isso é inevitável.

Bem sabemos que a percepção de qualidade de vida de quem trabalha por conta é maior, mesmo ganhando menos, pois não possuir chefe e ter horários flexíveis, fora a possibilidade de ganhar mais, é algo que atrai a maioria dos brasileiros que por natureza são empreendedores.

Lógico que para trabalhos autorais e extraordinários os especificadores não vão conseguir fugir dos marceneiros de verdade. Estamos falando de caixarias de MDF aqui, de volume, muito mais do mesmo, móveis denotativos utilitários sob Medida, modulados ou planejados, não importa o rótulo. No fim sobra as buchas pros marceneiros cobrarem barato pra fazer algo fantástico e levar calote e lição de moral porquê atrasou uma semana pra fazer algo exageradamente complexo. Triste fim?? Nem sempre! hehehe

Os autônomos devem só tomar cuidado com imprevistos e planejar muito bem a aposentadoria. 

Mas segundo estudos que achei na rede, muitos autônomos afirmam que não pretendem se aposentar, e outros dizem que possuem plano B...

Conclusão:

Devemos passar a dar mais moral aos montadores! As industrias através do SENAI ou de ações conjuntas ou particulares devem promover cursos de captação de jovens interessados e capacitação dos mesmo. Devemos parar de ver esta profissão como um bico de desempregado e profissionalizar os autônomos.

Da mesma forma devemos acolher os designers e arquitetos que queiram se especializar e assumir maiores responsabilidades, formar equipes ou fazer parte de um sistema bem montado pelas fábricas ou revendas, pois lutar contra isso não vai funcionar, melhor a fazer é fomentar e abrir oportunidades para essa turma se capacitar ainda mais.

Voltamos ao Facebook com Novo Grupo!!!
Sigam lá em Marcenaria BRASIL




domingo, 7 de julho de 2019

Manifesto CONTRA o Pragmatismo Arquitetício:

(Fontes das Imagens: Exame e Globo)

Como meus manifestos são direcionados primeiramente aos marceneiros, acho melhor iniciar esta Guerra Semiótica explanando os significados dos termos utilizados:

Pragmatismo: Filosofia do sujeito comum que visa se preocupar apenas com as coisas práticas que podem ser verdadeiramente úteis no seu dia a dia, conhecimento empírico, objetivo, voltado à concretização das ideias no plano físico, aquilo que comprovadamente funciona. (Fonte: Wikipédia).

Escolásticos: Seria um grupo que transforma a profissão numa religião misturando razão e fé, um mergulho na complexidade e subjetividade... Este movimento filosófico na verdade ocorreu nas universidades medievais europeias nos séculos IX ao XVI tendo São Tomas de Aquino como maior representante. (Mais informações).

Levantei esta provocação no Grupo Marcenaria BRASIL para dar início aos debates:

"Arquitetura + Empreendedorismo........ Com o advento da tecnologia 4.0 que vai causar grandes mudanças..... Hora de fomentar uma maior valorização da produção intelectual.... No passado recente da arquitetura americana onde Brancos (modernistas/Bauhaus) e Cinzentos (Pós Modernistas) ferviam o mercado com suas disputas intelectuais em concursos, publicações, manifestos, livros, etc... A arquitetura de redutos.... Muitos arquitetos encontravam um meio de ganhar seu sustento e até atingir o sucesso por esse meio.........Minha proposta é que a Arquitetura deve incendiar o mercado novamente com sua produção intelectual do mais elevado espírito e largar mão do Pragmatismo Arquitetônico...........Menos é mais ou menos é muito pouco???.............E os empresários dominantes no universo tangível DEVEM patrocinar isso para girar o mercado, caso contrario não terão pra quem vender seus produtos e serviços, o capital precisa girar.
Sim! Tal proposta não é apenas para a Arquitetura.... O meio acadêmico de um modo geral precisa fervilhar!!!! Todas as áreas!!!"
(Fonte do Debate).

E para embasar minha defesa invoquei esta passagem do livro que ganhei de uma grande amiga, a Ana Eliza Roder França:

"A recessão do início da década de setenta intensificou o processo. Ela destruiu a estrutura comercial da arquitetura americana quase tão inteiramente quanto a Grande Depressão quarenta anos antes. Houve na década de sessenta uma fantástica expansão na construção civil; praticamente todos os principais centros urbanos no leste americano foram construídos em pouco tempo. Fundaram-se muitas firmas novas de arquitetura , e outras tantas mais antigas cresceram a ponto de empregar mais de cem pessoas. A expansão chegou a um fim natural no momento em que se iniciava a derrocada financeira. Da noite para o dia, ou assim parecia, de trinta e quarenta por cento dos arquitetos estavam desempregados. Firmas com duzentos empregados ficaram repentinamente reduzidas a dez. Sócios principais passaram a atender telefones. E desenhistas foram promovidos a vice-presidentes. Dessa forma, ao invés de receberem salários, ganhavam participações de lucros, que já não existiam. Então sobreveio o êxodo. Metade dos arquitetos dos Estados Unidos parecia estar trabalhando, quando estavam, para o Xá do Irã. Quarenta por cento pareciam estar trabalhando para o Rei Saud, o Bom. O RESTANTE CONTINUOU NO PAÍS BATALHANDO PELA FAMA NO ÂMBITO DA COMPETIÇÃO INTELECTUAL DAS ACADEMIAS."
(Da Bauhaus ao nosso caos - Tom Wolfe - Pág.: 86)

Invocado sejam os Escolásticos...

O jornalista e crítico do Modernismo, Tom Wolfe, neste livro fala que Robert Venturi foi o sofista agitador que abriu a era dos Escolásticos nos EUA. Polêmico com sua proposta de criar o Pós Modernismo e questionar tudo o que foi pregado pelas estrelas da Bauhaus até o momento sem mudar praticamente nada de significativo. Porém com seu discurso retórico conseguiu agitar o mercado da arquitetura de redutos e ficar famoso. Uma rivalidade conveniente entre Brancos e Cinzentos para agitar os ânimos, fazer a roda girar...
Neste sentido a produção de Teorias da Arquitetura passam a ser tão importantes quanto Obras Construídas. Não há espaço para todos na Arquitetura Autoral, mas há espaço para Manifestos Autorais, bora produzir...
Eu mesmo critiquei muito o meio acadêmico por saber muito bem que a maioria dos formados saem das faculdades sem preparo algum para o mercado de trabalho, não possuem conhecimento técnico, prático, objetivo... Mas esse mercado de trabalho já não existe mais, o pouco que existe é para poucos, e ainda por cima ganhando pouco, precisamos inventar outros meios de geração de renda.

Precisamos fazer isso de novo!
Um novo movimento artístico filosófico deve surgir!
Mentes precisam ferver e a roda girar!

A tecnologia veio para melhorar a qualidade de vida das pessoas retirando desses as atividades perigosas, repetitivas e pesadas... Diminuindo a margem de erro e tornando o uso de recursos naturais algo mai eficiente e eficaz, sem desperdícios e poluição. 
Porém em contrapartida isso vai afetar drasticamente o mercado de trabalho. Isso que estou inicialmente focando nos meios de produção, mas é bom lembrar que os APPs e as pseudo Inteligências Artificiais estão a todo momento lançando novidades no mercado que tomam espaço nas áreas burocráticas e de criação também.
Há um tremendo PARADOXO aqui, se é que consigo usar este termo adequadamente, quem vai consumir os produtos da 4.0 se a maioria da população estará desempregada ou subempregada com baixos rendimentos? 

Hora de fomentar e valorizar a Produção Intelectual em todas as vertentes possíveis!!!

Como vamos fazer isso numa sociedade cada vez mais pragmática, para não dizer terraplanista, onde a grande massa valoriza apenas aquilo que é tangível, o produto final, e não a mão de obra humana e suas ideias???

Mais importante do que mentes brilhantes produzirem material teórico são os influenciadores capazes de se comunicar com as massas e inserir tal valor em suas mentes. O ato de PENSAR deve virar um ativo, principalmente num contexto onde DIPLOMAS PERDERAM SEU VALOR, onde a sociedade passou a cobrar o CONHECIMENTO que tal diploma deveria acompanhar, como também a paixão pela profissão levada às ultimas consequências.

Outra coisa que defendo é a maior valorização e inclusão dos autodidatas neste movimento pseudo escolásticos, pois sua paixão congênita faz a roda girar, provoca, contamina. Sei que sou suspeito em defender isso, mas creio que este manifesto seja um exemplo do que a sociedade perde ao perseguir e julgar tal produção.

Na verdade o melhor caminho é uma fusão entre o sujeito comum e os intelectuais, sejam eles acadêmicos ou não, pois a sociedade precisa incluir todo mundo numa ação mais dinâmica, nada mais retrógrado do que luta de classes, raças, gêneros, gerações, formações, religiões, etc...

Voltamos ao Facebook com Novo Grupo!!!
Sigam lá em Marcenaria BRASIL




sábado, 30 de março de 2019

Visita à Unidade da Duratex de Itapetininga - SP:



Nesta quinta, dia 28 de Março de 2019, tive o prazer de visitar a Unidade da Duratex de Itapetininga, interior de São Paulo, a convite da Léo Madeiras de Santo André. Deixo aqui já de antemão meus agradecimentos ao Wellington gerente da Léo de SA, ao Marques e à Andreia que são os vendedores que me atendem há anos e à toda equipe da Léo de Santo André pela oportunidade, obrigado mesmo.

(Fonte da Imagem)

Devido aos reflexos da crise em 2015 a Duratex optou por paralisar as atividades desta unidade só voltando em abril de 2018. Recontrataram 90% dos antigos funcionários e modernizaram a produção inserindo a Linha Cristallo (Alto Brilho) que só esta unidade produz (Saiba Mais Aqui) e Madeirados de MDF e MDP, como também o foco em exportações. Essa unidade trabalha 24 horas de segunda à sexta, emprega por volta de 400 funcionários fora os empregos indiretos. Conta com 295 mil m2 de fábrica e produz em média 540 mil m3 de MDF por ano, fora o MDP.

Possuindo pontos de plantio de eucalipto esparramados por todo o Brasil com coleta e seleção totalmente automatizada, os troncos são estocados no pátio, depois descascados e triturados em várias etapas, separado das impurezas, aquecido nas caldeiras e por aí vai... As cascas vão para as caldeiras para gerar energia biotérmica assim como o material rejeitado na seleção de qualidade dos processos.



Uma experiencia incrível poder entrar ali e ser recepcionado com toda a atenção pelos encarregados de cada setor. Dividiram nosso grupo em grupos menores e andamos por toda a fábrica seguindo o caminho que o eucalipto percorre até se tornar chapa e depois receber o acabamento e ser plastificado.

O nível de automação e organização da fábrica é surpreendente, a força humana na maioria dos processos só entra em ação quando há algum problema nas máquinas, pois até a seleção da matéria prima é automática. Achei interessante que o supervisor que fica sentado na frente dos computadores reveza com o agente de campo, acredito que isso seja para evitar o sedentarismo e ao mesmo tempo ter mais gente capacitada para atuar e cobrir faltas em mais processos.

Uma das coisas que mais chamou a atenção de todos foi a espessura de material que vai na esteira da produção do MDF antes da prensa, não lembro ao certo, mas tem uns 20 a 25 cm, enquanto do MDP é por volta de 10cm, depois da prensa fica com 18mm de espessura no caso, isso prova como o MDF utiliza mais recursos em geral para ser produzido.


(ShowRoon da Fábrica dentro das Dependências)

Depois da caminhada pela fábrica fomos prestigiar o mais novo ShowRoon que construíram exatamente para recepcionar os representantes, parceiros e consumidores visitantes. Um acabamento mais bonito que o outro, show de bola.

Criticas Idiotas (mimimi):

Setores que percebi que a automação não chegou e dificilmente vai chegar é o da limpeza e o da inspeção de qualidade, tinha funcionários literalmente de quatro no chão em volta da prensa limpando o acumulo de felugem e na inspeção de qualidade das chapas depois da fusão do papel impresso com resina sobre a mesma essas são levantadas para visualmente serem analisadas e descartadas via comando humano, algo bem artesanal mesmo, kekeke. E no papel impresso, de tão fino que é vive quebrando e há um desperdício enorme deste material que não é reaproveitado, fora que na formação dos palites do papel depois da aplicação da resina quatro colaboradores fazem o processo praticamente no manual havendo ainda mais material sendo descartado por falhas neste processo.

Fica aí minha crítica e a certeza que a automação pseudo 4.0 sempre será parcial com carências de eficiência e eficácia nos menores detalhes. hehehe (Se eu não criticar algo eu não sou eu! kkkk)

Em tempo... Critico também a localização do refeitório bem ao lado da rodovia, se um caminhão perder o controle ali entra com tudo dentro do refeitório, sinistro isso, tanto espaço colocaram o brumadinho bem debaixo da barragem, apocalíptico de fato. #OPS heheheeh O almoço tava bão, mas aquela água adocicada com maçã sem açúcar, hummmmm, tava boa também, vou reclamar não! kekeke #PAREI??

E esse negócio de não poder filmar e nem tirar foto???.... Depois pode filmar, tirar foto, fazer live... Os funcionários posaram até pra selfies na maior moral... Aí o organizador chega na hora de ir embora e diz: Apaguem tudo, pois a política da empresa não permite divulgação! kkkkkkk Foi cômico para não dizer antiético. Fato!




Palestra e debates:

Antes do almoço houve uma breve palestra onde o gerente geral falou sobre a história da Duratex e da Unidade de Itapetininga, sobre a matéria prima e os processos, as reviravoltas na atividade da fábrica mediante a crise e muito mais...

Foi defendido pelo palestrante que os marceneiros precisam fomentar uma maior união do setor e passar a praticar valores mais adequados que garantam a lucratividade do processo. Evitar prostituir o mercado, investir em inovações e capacitação em gestão.

Depois passamos a interagir num debate interessante onde deixaram claro o interesse deles em explicar os motivos do preço do produto e principalmente fomentar a linha Cristallo que é exclusividade desta unidade produzir.

Eu tomei a palavra e revelei o conteúdo dos debates em nossos grupos de marcenaria onde a dificuldade do marceneiro em vender produtos de maior valor agregado está na precificação dos móveis. Quando é por metro quadrado os marceneiros querem ir pro mais barato para garantir a venda e o lucro. Quando é x2, x3 e x4 o valor do material tratam os produtos mais caros da mesma forma que os mais baratos mesmo quando o trabalho é o mesmo, inviabilizando assim o processo, pois não querem correr riscos.


Conclusão:

É evidente que as Marcenarias Disruptivas estão tomando cada vez mais o protagonismo no mercado moveleiro. Há uma forte migração dos clientes dos modulados como também da produção em série voltado às Lojas de Magazines para o nosso lado. E desde de sempre todos sabem que por volta de 80% do mercado sempre foi nosso. Dentro deste contexto é natural uma aproximação cada vez maior dos fabricantes de insumos e das revendas junto aos marceneiros formadores de opinião. Vejo com bons olhos esta parceria e passo a criticar essa mania besta dos marceneiros odiarem os clientes, fornecedores e industrias se trancando em suas marcenarias como gatos escaldados. Passou da hora da gente se valorizar e cobrar da nossa sociedade aquilo que nos é de direito.

E nada mais disruptivo que as Marcenarias, pois atendemos a demanda do povão com produtos/serviços bons e baratos que atendem às necessidades, porém há a possibilidade de uma crescente disputa pelos mercados mais abastados junto aos modulados/planejados.

Que fique claro que nós da Marcenaria BRASIL não possuímos nenhum tipo de vínculo com a Duratex e Léo Madeiras, e abrimos o espaço para os outros fornecedores e fabricantes também expor seus produtos e serviços.
 




Voltamos ao Facebook com Novo Grupo!!!
Sigam lá em Marcenaria BRASIL



domingo, 3 de março de 2019

Laqueação Artesanal em Bicama Montessoriana:



Apareceu uma cliente com o desejo de fazer uma cama para a sua filhinha e liberar o berço para o bebê que está por vir, a Mileny. Ela me pediu algo que ficasse o mais parecido possível com o berço que é uma peça de produção em série com bordas arredondadas e pintura misturada com painéis já acabados de MDF. Foi aí que decidi oferecer a laqueação, pois assim eu podia trabalhar com boleados com mais facilidade, a cliente aceitou e o negócio foi fechado.

A cliente queria dois gavetões embaixo, mas algo que pudesse retirar no futuro para acomodar uma cama extra, então deia a ideia de fazer a cama extra se tornar um gavetão, depois basta comprar um colchão e usar para dormir, ele gostou da ideia, por isso fiz o estrado fechado na cama inferior, para ter duas funções.

Método Montessori:

Quando postei esta proposta 3D no Facebook houve críticas em relação ao fato desta cama estar ou não de acordo com o Método Pedagógico Montessouri, pois pensaram se tratar de uma cama para bebê recém nascido, e como a essência maior do método é deixar o bebê livre para circular e interagir com o quarto todo, como se o quarto se tornasse a extensão do berço, reclamaram da altura, mas a menina tem mais de 3 anos de idade e já consegue subir sozinha na cama. O bebê que está vindo ficará no berço que a cliente já possui, um comprado em loja, produção em série.

Do método o que foi mais aproveitado foi o lúdico da casinha que remete à segurança e infância. Saiba mais aqui neste LINK!!! 

Laqueação Artesanal:

A laqueação artesanal do jeito que faço é bastante econômica, gasta pouco com material, mas talvez pelo fato do meu espaço de trabalho hoje em dia ser bem reduzido, eis que a coisa se mostrou bestante demorada, trabalhosa. hehehe

Usei tintas Duco e Primmer Automotivos e Massa Corrida simples pra selar os topos do MDF Crú. Usei um Compressor Tufão Simples que já me acompanha há um bom tempo, velho de guerra, e uma pistola de pintura que mais vasa do que pinta. kkk Obviamente tal forma de trabalhar só é recomendada para pinturas eventuais ou para produções pequenas de fundo de quintal, digamos assim, como também para hobbistas, claro. Para atuar profissionalmente com laqueação é preciso uma estrutura adequada e cumprir uma série de exigências rigorosas, pesquisem.

Outra questão que os amigos do Grupo Marcenaria BRASIL levantaram com toda a razão é que existem tintas específicas Atóxicas para Móveis Infantis, mas é preciso pesquisar os custos disto para saber se é viável e testar os clientes para saber se estão dispostos a pagar a diferença, claro. Pois fui criado em camas pintadas de qualquer jeito e comendo glútem e estou vivo até hoje, acho que estou, tenho quase certeza. kkkkk

As gradinhas foram feitas com peça inteirissa de MDF Crú de 15mm recordas na Tupia Copiadora usando um molde que fiz na tico-tico no MDF de 6mm.

Depois reegrossei com MDF de 6mm dos dois lados para dar o efeito desejado.


Selei os topos com a massa corrida simples e depois lixei...


Foram 3 demãos de Primmer Cinza Automotivo, lixei entre cada demão com lixa fina, isto que deu trabalho, pois cada lixada usou meio período, principalmente por causa das gradinhas.
Depois dei duas mãos de Laca (Duco) Branco Puro Automotivo. Todas estas tintas secam muito rápido e não possuem cheiro forte, nem na aplicação, nem depois.
















Montei a estrutura da casinha na base da Cavilha coma a ajuda deste Gabarito que eu mesmo fiz.

Depois finalizei passando Cera de Carnaúba no lugar do Verniz PU, pois o acabamento desejado era o acetinado.
























Estrado com Travessas de Peroba e Ripas de Cedrinho reutilizados, madeira de demolição. Eu ia pintar, mas não deu tempo, acabei seguindo a estética das camas de Lojas mesmo.

Usei aqueles parafusos com porca rolha nas barras da cama com tampinha branca, acho eles mais seguros.




































Voltamos ao Facebook com Novo Grupo!!!
Sigam lá em Marcenaria BRASIL



quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Processo Criativo de um Quiosque de Shopping


Plaza Chaveiro e Carimbos - São Bernardo Plaza Shopping

Foto dos Móveis da Loja Antiga que serão Reaproveitados no Quiosque:








Fotos do espaço onde será montado o Quiosque:




Primeira Proposta 3D no SketchUp puro:












Segunda Proposta 3D seguindo modificações solicitadas pelo cliente
 após apresentação à Arquitetura do Shopping e ao escritório de 
Engenharia que será o responsável técnico da obra:




Projetos Técnicos da Marcenaria:












(Aguardem Edições em Breve com o Andamento da Obra!!!)



Voltamos ao Facebook com Novo Grupo!!!
Sigam lá em Marcenaria BRASIL