Para muitos levar o design e a arquitetura à periferia é uma
ideia utópica. Ninguém quer se esforçar e investir em estudos durante 2, 4, 5
ou mais anos para servir aos pobres. E isto se deve mais por uma questão de status
do que visão empreendedora que optou por um nicho de mercado mais lucrativo.
Muito se fala que a periferia, a nova classe média, não
precisa, não valoriza ou não possui capital para consumir o tal do design e a
tal da arquitetura. Mas o que vemos é um desinteresse recíproco entre os
profissionais da área, associações e conselhos de classe e os próprios emergentes
que ainda não possuem cultura de consumo desenvolvido neste âmbito. Aliás, a nova classe média consome o design e a arquitetura
maciçamente sem saber do que se trata. Fatalmente quem acaba proporcionando
este contato são as micro-empresas sem estrutura e profissionais que não
possuem formação na área. Esses se valem apenas do seu conhecimento prático e
da cópia indiscriminada das fórmulas mágicas (cartilhas ultrapassadas da
indústria adaptadas à produção em pequena escala).
Veja bem que eu não critico estas pessoas e empresas, pois
alguém precisa atender esta forte demanda. Só lamento que seja inexistente um
estudo reflexivo adequado visando criar produtos e serviços dedicados a este
nicho. Mas admito que isso levanta várias questões como: Devemos criar produtos
e serviços específicos ou adaptar os já existentes? A nova classe média estaria
interessada em tais produtos e serviços ou preferem copiar a cultura de consumo
da classe alta abrindo mão da qualidade pelo custo acessível?
O filósofo socialista italiano Antônio Gramsci (1891-1937)
defendeu que uma verdadeira revolução social só seria possível quando os
intelectuais nascentes organicamente em meio ao proletariado passassem a
realmente representar e defender sua classe ao invés de migrar e absorver os
valores das classes mais altas conforme tem ocorrido ao longo dos séculos. Situação
essa que enfraquece, desorganiza, pacifica a classe e até desqualifica as
eventuais rebeliões que não conseguem modificar essa posição de dependência.
Somado a isso podemos citar a teoria marxista que levanta a
questão dos meios de produção (o trabalho) serem a força motriz que impulsiona
as revoluções modificando a forma como a sociedade se relaciona, e não
puramente e simplesmente os interesses políticos e econômicos como outrora fora
idealizado, pois todos estes fatores são gerados a partir da evolução dos meios
de produção x trabalho.
Juntando estas duas visões socialistas podemos concluir que
se os designers e arquitetos (como também as demais profissões) provenientes
das classes mais baixas passassem a atuar efetivamente em seu meio, eis que uma
enorme revolução seria instaurada. A classe alta deixaria de ser a única
estrelinha a brilhar e a ditar as regras na sociedade.
Nem vou entrar no mérito da possível lucratividade deste
crescente e já enorme nicho de mercado, pois em primeiro momento devemos
quebrar o preconceito do pobre contra sua própria classe de origem para só
depois mostrar o potencial que está sendo desperdiçado.
Por enquanto o design e a arquitetura é coisa de rico para
rico e os pobres passam suas vidas inteiras tentando adentrar este meio, mas a
meu ver passou da hora de mudar este jogo e eu como representante da periferia,
marceneiro e designer autodidata, futuro estudante de arquitetura, faço questão
de engrossar este caldo.
Chega de disputar a carniça com os abutres!!!
Percebam que não estou de forma alguma inventando tal
revolução e inversão de valores, apenas estou tomando consciência do fenômeno já
ocorrente e aceitando de bom grado as condicionantes buscando assim assumir meu
papel perante a sociedade. Trata-se de uma aceitação e reação aos fatos.
Quem leva o design à periferia são as pequenas marcenarias artesanais. Fato!
Abandonamos o Facebook!!!
Agora é só no Instagram: @marianointeriores
E no YouTube: Luiz Mariano - Marcenaria BRASIL
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