Foto tirada na ForMóbile 2010
(Texto escrito em 03/06/2011)
Em meio a tantos avanços tecnológicos e produção em larga
escala, eis que a Marcenaria Artesanal sobrevive e ganha força impulsionada
pelo contexto atual que se encontra o Brasil e o mundo. Nunca se falou tanto em
questões ambientais e inclusão social.
Num raciocínio rápido podemos dizer que uma Fábrica de
Móveis Padronizados ou Modulados possui um papel mais amplo na sociedade, pois
gera maior riqueza, mais empregos diretos e indiretos, pode investir mais no
uso de energia e tecnologia limpa, transmite uma segurança maior aos
colaboradores através do cumprimento das Leis Trabalhistas como um todo, produz
mais com menos, etc. E isso se acentuou ainda mais com o crescimento econômico
atual. Mas em contrapartida devemos lembrar que foram as micro-empresas, como
as pequenas Marcenarias Artesanais, que sustentaram o país e absorveram grande
parte da mão de obra que estas mesmas grandes empresas dispensaram com o avanço
tecnológico e incontáveis crises financeiras antes desse pico de
desenvolvimento que vive o país atualmente. Muitas pessoas encontraram no
empreendedorismo a saída para o desemprego que assolava o país num passado
recente.
Deixando os méritos do passado de lado, vamos nos concentrar
no presente. Atualmente podemos observar uma grande valorização dos produtos
artesanais. Praticamente só é viável usar matéria prima ecologicamente correta
em pequenas produções para atender mercados de nicho por causa do seu custo
elevado (isso tende a mudar com o tempo). Fora que produção pequena representa
um consumo menor de matéria prima, ou seja, recursos naturais. Produzimos menos
pra ganhar mais e agradar mais. Lembrando também que em alguns casos podemos reaproveitar
matéria prima agregando ainda mais valor.
Outro ponto positivo é que o ser humano sempre gostou de
produtos e serviços exclusivos, mas por falta de recursos acabava adiando seus
sonhos ou improvisando com os produtos industrializados que possuem custo e
valor agregado menor. Mas com o desenvolvimento econômico mais pessoas entraram
no mercado de trabalho e outros passaram a ganhar melhores salários, e por
conseqüência desenvolveram necessidades consumistas diferentes que até então
estavam adormecidas ou adiadas. Bastou suprir as necessidades básicas de carro
e moradia para que o consumidor passasse a correr atrás de algo mais.
(Nota: Esta afirmação que outras pessoas passaram a ganhar
melhores salários é questionável. Um dos alertas é exatamente este. Quem já
estava no mercado NÃO melhorou o salário, mas motivado pela mídia que alardeava
o suposto crescimento econômico acabou se endividando. Hoje já podemos observar
um superendividamento do povo brasileiro e uma crescente taxa de inadimplência.
Sem contar que a falta de capacidade produtiva do mercado e investimentos em
estrutura por parte do governo esta alimentando a inflação e condenando o
crescimento econômico).
Outro fator que auxilia na sobrevivência das Marcenarias são
os valores de caráter psicológicos que o “Estudo dos Signos” através da
Semiótica (estudo da interpretação que é dado pelo ser humano a tudo o que lhe cerca)
nos explica. O ser humano sempre terá atração pelo que é tradicional e
elaborado com as mãos do próprio homem. Prova disso é que muitos profissionais
graduados após o término de sua carreira profissional passaram a tocar pequenas
empresas como as Marcenarias Artesanais por questões de satisfação pessoal em
“meter a mão na massa” (outro signo) e acabaram encontrando uma forte fonte de
lucro que nem imaginavam existir.
Muitos podem questionar apontando o grande número de
profissionais da área que vive em condições precárias e os vários outros que
abandonaram a profissão, mas posso afirmar que faltou a esses profissionais,
persistência e espírito empreendedor. Eles não sabem ou não souberam valorizar
a profissão, o trabalho e os seus produtos.
Muitos quebraram a cara montando micro-empresas, mas outros
venceram e realmente mudaram de vida. O empreendedorismo proporcionou uma
verdadeira inclusão social em épocas de desemprego e desespero com sua
estrutura enxuta e grande flexibilidade perante aos desafios do mercado. E hoje
com esse crescimento econômico e com as atenções voltadas às médias e grandes
empresas, muitos querem largar as micro-empresas de lado ou simplesmente largar
de ser micro-empresa expandindo. Mas é bom lembrar que crescimento econômico e
recessão são atrelados em ciclos. E no horizonte já podemos observar pequenas
nuvens escuras se aproximando.
Não pretendo aqui plantar o pessimismo, mas sim a realidade
dos fatos. Recomendo que os micro-empresários optem pelo caminho da qualidade e
design primeiramente para depois quem sabe investir numa expansão física
estrutural. Transformar sua produção artesanal em industrial e com isso engessar
sua flexibilidade pode ser um tiro no pé. O que estamos observando pode ser só
mais uma bolha de crescimento preste a estourar em nossas cabeças. Hoje ta
fácil vender “arroz com feijão”, pois o consumo esta em alta e os grandes
fabricantes não estão dando conta. Assim acaba sobrando para os pequenos, mas
em breve o jogo pode mudar e concorrer com eles em tempos de escassez pode ser
desastroso. E o caminho inverso de voltar a ser artesanal é extremamente
difícil e psicologicamente doloroso.
A jogada é investir em tecnologia, mas jamais virar as costas
para o artesanal que é o nosso diferencial. Produzimos rápido o que dá pra
produzir rápido com o maquinário moderno. E com isso sobra mais tempo para
fazer as peças mais elaboradas na unha. Seria como o acelerador e o freio do
carro. Ou seja, não defendo de forma alguma fechar os olhos para os avanços do
setor e continuar a fazer tudo do mesmo jeito de sempre com os mesmos materiais
de sempre. Devemos evoluir, mas evoluir não significa necessariamente se tornar
Fábrica de Móveis. A “arte” pode e deve continuar. Só precisamos nos adaptar.
Uma Marcenaria Artesanal pequena pode não significar muito
para a sociedade, mas todas elas juntas a coisa muda de figura. Se plantarmos
uma maior união da classe poderemos assumir um papel ainda maior...
Abandonamos o Facebook!!!
Agora é só no Instagram: @marianointeriores
E no YouTube: Luiz Mariano - Marcenaria BRASIL
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