Produções contemporâneas inspiradas no neoclassicismo convivem com o modernismo assim como o negro convive com o branco. Para a sociedade contemporânea é impossível adotar um único estilo bem como uma única religião.
O fato é que em nossa atualidade nenhum movimento filosófico
conhecido predomina. O que podemos perceber é que cada linha de raciocínio é
aplicada na atividade que lhe convém. No caso do ramo moveleiro, por exemplo,
cada especialização sintetiza uma forma
diferente de ver as coisas.
diferente de ver as coisas.
Produção em série de móveis voltados às grandes massas é
toda baseada nos conceitos modernistas, pois a filosofia é sempre fazer mais
com menos e simplificar ao máximo os processos para reduzir custos, o valor que
prevalece é produzir algo que seja útil e caia no gosto do maior número de
pessoas. O consumidor é tratado como usuário. Razão acima da emoção.
Já para o ramo de móveis projetados sob medida poderíamos
classificar o pós-modernismo como predominante, já que a personalização e exclusividade
que valoriza o gosto pessoal do indivíduo estimulando o sentimento de posse é a
premissa básica desta atividade. Vários signos são anexados ao projeto.
Podemos incluir também os móveis avulsos de cunho autoral na
linha pós-modernista, pois neste caso o produto assume uma gama maior de signos
agregando um valor artístico. São exploradas certas necessidades complexas do
ser humano que regem sua interação com a sociedade mexendo com o lado emocional
do consumidor.
Em todos os casos a atual preocupação com a sustentabilidade
se faz presente. Isso passou a ser requisito básico para a sobrevivência das
empresas, mesmo que só aplicada superficialmente. Mas aos poucos isto esta
deixando de ser apenas uma ferramenta de marketing para assumir resultados mais
concretos.
Agora falando de modulados é fato que o “styling” predomina,
onde o novo pelo único valor de ser novo é aplicado. Este mercado segue a mesma
linha do ramo de vestuário onde uma pequena classe de criadores regem a moda
que é absorvida por todo o seguimento nos dois hemisférios do globo. Obviamente
que os conceitos modernistas prevalecem na linha de produção, mas no resto
valores complexos são anexados ao produto. Valores extremamente efêmeros, mas
não menos importantes perante a sociedade.
Com certeza em todas as especializações os conceitos se
misturam, e em situações especiais ora um prevalece, ora outro predomina. Mas
precisamos deixar claro que movimentos ultrapassados ainda se fazem presentes.
Esta antiga necessidade de copiar o passado nunca vai acabar. Muitas empresas
adotam um estilo retrô com uma interpretação atual utilizando os materiais disponíveis
somado aos avanços tecnológicos. Atitude bastante criticada pelos teóricos de
plantão, mas vai de encontro com uma necessidade complexa de consumidores que
buscam um passado, e na falta de algo verdadeiro acabam consumindo estes
produtos. Mas ao mesmo tempo é uma negação dos erros e defeitos que esse
passado verdadeiro revela, pois mesmo podendo adquirir móveis antigos (vintage)
o indivíduo prefere a ilusão de reescrever o passado com um aspecto perfeito,
novo. Desprezando o fato de que esses erros e defeitos caracterizam a própria
história do móvel, da família, pois cada risco de um tampo representa a ação de
uma pessoa, uma vivência, um acontecimento, uma lembrança. Não levemos em
consideração que a história que os móveis de antiquário possuem é a história de
outras pessoas, de outra família, já que de certa forma o valor continua, pois
o que prevalece é o espírito coletivo onde a história pertence a todos e um dá
continuidade à história do outro.
Mais um atrativo dos móveis antigos e por conseqüência dos
retrô são os ornamentos predominantes que cultuam a natureza, tendo em vista
que ela está em evidência hoje, ontem e sempre.
Nesse contexto fica claro que nossa sociedade experimenta
uma liberdade jamais vivenciada anteriormente. Um indivíduo que queira montar
um boteco, por exemplo, jamais vai pagar mais caro num banco assinado por um
renomado designer se sua necessidade se concentra apenas na utilidade do banco.
Já para um balcão de espera de um restaurante fino a coisa muda de figura. Cada
caso é um caso! Até pouco tempo atrás a ordem era que todos os bancos deveriam
ser apenas bancos (modernismo), e mais atrás todos os bancos eram “obras de
arte” carregados de ornamentos (classicismo, rococó, neoclassicismo,
renascentismo, etc.). O consumidor não tinha muita escolha e os que teimavam em
não seguir os padrões adotados pela sociedade eram repudiados pela mesma.
Alguém pode até dizer que bancos simples sempre existiram. Sim, é verdade! Mas
em determinada época para fazer parte da sociedade você tinha que sentar no
banco e frequentar o local que ela determinasse como o modelo adequado.
Não podemos classificar e muito menos denominar o movimento
filosófico atual. Isso fica a cargo dos futuros historiadores, mas é evidente
que houve uma evolução, pois os aspectos positivos de cada movimento do passado
estão sendo aproveitados e freqüentemente questionados. Creio que a razão
sempre predominará, pois assumir e conduzir a emoção e os sentimentos é
extremamente racional.
A palavra de ordem é SOMAR!
+Luiz Mariano
(MARCENEIRO)
Grupo do Facebook: Marcenaria BRASIL
Nenhum comentário:
Postar um comentário