Primeiramente devemos analisar a verdadeira necessidade
deste investimento. Vivemos no mundo dos negócios onde os números reinam
soberanos. Para justificar qualquer investimento as planilhas precisam ser
consultadas.
Digamos que sua empresa já possui excedente produtivo, ou
seja, produz menos do que é capaz, neste caso seria mais interessante investir
em um novo ponto de venda somado a uma boa campanha de marketing. Lembrando que
jamais um investimento em maquinário trará novos clientes para dentro de sua
marcenaria.
Sempre defendi que primeiramente devemos criar a NECESSIDADE
para depois correr atrás de investimento em ESTRUTURA FÍSICA, pois no mundo dos
negócios as coisas não acontecem tão rápido quanto no mundo virtual.
Sempre que você estiver em dúvida se deve criar um novo
posto de trabalho ou investir em uma máquina, invista na máquina primeiro caso
o posto de trabalho não seja esporádico para atender um pico de venda, pois se
for apenas um pico a máquina não vai se pagar, já o funcionário basta dispensar.
Tome muito cuidado para não confundir pico de venda com aumento
real da demanda. Para isso, dependendo do tamanho do investimento, é necessário
fazer uma média semestral ou quem sabe anual para identificar um aumento real.
Pensar que o ganho na qualidade, que só quem é do ramo reconhece,
vai aumentar as vendas também é um engano. Cliente gosta mesmo é de atenção,
atendimento, projeto, custo x benefício e facilidade no pagamento.
Esperar que um investimento vai trazer motivação aos
funcionários e a si mesmo e por conseqüência produzir mais é um ledo engano,
pois até podemos ficar felizes no começo, mas depois que a novidade acaba sobram
apenas as dívidas e surgem novas desculpas para a incapacidade produtiva da
equipe como um todo.
Cuidado com funcionários que gostam de por defeito nas
máquinas que você possui e quem sabe até quebrá-las de propósito com o intuito
de boicotar a produção para poder ficar parado e ferrar a empresa. Sempre que
uma máquina quebrar analise bem os motivos que acarretaram os fatos antes de
sair investindo em uma nova.
Outra recomendação financeira é ter o dinheiro para comprar
à vista, mas usar financiamentos do governo apropriados para essa finalidade
como o Proger, Finame e Cartão do BNDS entre outros. Lembrando que correr atrás
de capital de giro depois custa muito mais caro do que os juros destes
financiamentos.
Outra regra é nunca contar com algo que pode acontecer e sim
com o que está, ou melhor, já aconteceu. Não conte com o ovo embaixo da galinha
e em promessas grandiosas, mesmo um contrato fechado pode ir pro vinagre sem
maiores explicações.
Seja prudente, quer saciar seu desejo de consumo vai numa
loja de sapatos com sua esposa e compra uma bota de 'cawboy', mas jamais vá a
Formóbile com o talão de cheque ou cartão de crédito no bolso, pois o estrago
pode ser bem maior.
O bom é possuir capital de giro suficiente para sustentar o
custo operacional e o financiamento mesmo com três meses seguidos de vendas
zero.
Tenho visto muitos empresários comprarem máquinas
industriais de alto valor e continuar a produzir o mesmo volume do que antes e
depois ficar desesperado correndo atrás de formas de aumentar o volume de
vendas.
Espere pagar uma máquina primeiro para só depois se endividar
com outra.
Sempre busque fazer o investimento e inserir a máquina na
produção em épocas de baixa produção para dar tempo aos funcionários
assimilarem a novidade sem perder produtividade, pois é comum haver uma queda
na capacidade produtiva para com o tempo ganhar volume. Não esqueça de vigiar
para que os funcionários não boicotem a nova máquina continuando a usar o
método antigo ou máquina velha, neste caso é bom se desfazer da máquina
anterior (elefante branco) se possível. Esse negócio de talvez ela seja útil é
furada, quando a palavra talvez entra em jogo é sinal de que passou da hora de
passar o elefantinho pra frente.
Antes de comprar uma máquina nova busque saber se o imóvel
da oficina possui a estrutura e espaço necessário para a mesma. Comprar uma
máquina trifásica sem possuir rede disponível no poste da rua é um erro grosseiro.
Lembre-se também que a maioria das máquinas de hoje, como a seccionadora,
necessitam trabalhar em conjunto com compressor pesado e coletor de pó, sendo
assim é necessário levar o custo destes itens em consideração na hora de
investir.
Nunca se esqueça de prever futuros gastos com a manutenção
do maquinário. Neste caso é sempre bom fugir das máquinas usadas, pois você
pode estar adquirindo um elefante branco que foi descartado por outra empresa
que vai pesar muito em seu orçamento.
Digamos que você gaste em média R$ 300,00 por mês pagando o
corte das chapas ao seu fornecedor. Daí surge uma promoção de uma
esquadrejadeira por 3 mil. Aí você faz uma conta rápida de cabeça e chega à
conclusão que em 10 meses a máquina se paga. Compra a máquina, mas depois
percebe que para a ideia funcionar será preciso contratar um ajudante com um
custo fixo de no mínimo R$ 900,00 (salário base da categoria deixando os
direitos fora da conta). Neste caso ao invés de economizar você estará
aumentando seu custo fixo mensal em R$ 600,00. Este é um exemplo simplório dos
erros que podemos cometer ao investir em um maquinário.
Um Centro de Usinagem CNC, por exemplo, requer mão de obra
especializada para programar e operar a máquina. Imaginem uma marcenaria que
trabalha com móveis sob medida sem uma biblioteca de módulos padronizados tendo
que programar dezenas de peças novas todos os dias, seria inviável, loucura
total. Acreditem! Tem empresário de marcenaria comprando este tipo de máquina
só pra dizer que pode.
Escolher marca e modelo não é tarefa fácil. Seja realista
sobre sua verdadeira necessidade, se a máquina será para uso pesado e contínuo
gaste um pouco mais em uma marca e modelo melhor, mas se é apenas pra quebrar
um galho periodicamente uma mais barata e simples resolve o problema. Procure
sempre conversar com o maior número de pessoas que possuem a máquina que quer
comprar antes. Pesquise muito. Se você pretende investir pesado contratar um
consultor especializado é recomendável e pode sair mais barato.
Fuja das máquinas multifuncionais, pois apenas uma pessoa
pode trabalhar nela usando apenas uma função por vez.
Faça sempre um bom estudo do Layout da sua oficina com a
inserção da nova máquina. É amadorismo fazer a peça cruzar a oficina inteira duas
a três vezes para ser usinada, bordeada e furada. Tente fazer um tipo de linha
de produção onde a chapa entra na oficina e vai pro estoque sem atrapalhar a
produção, sai do estoque e vai pra serra, depois pro bordeamento, etc, sem
jamais haver um cruzamento.
Se depois de ler tudo isso você ainda esta com dúvidas,
então segue seus instintos e vai na fé. Ninguém melhor do que o dono da empresa
pra identificar quais as necessidades e investimentos prioritários que vão
anular ou diminuir os gargalos que minam a produtividade de sua empresa.
Santo André, 10 de Novembro de 2012.
Editado em 04 de Fevereiro de 2015.
MARCENEIRO
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