Postei esta chamada para debate no Grupo Marcenaria BRASIL hoje e tivemos uma participação tímida, porém edificante, deu para fazer a turma refletir um pouco sobre o que está ocorrendo no grande mercado. (ACESSE O DEBATE AQUI).
Alguns amigos do ramo defendem que as lojas/fabricantes de modulados sentem maior concorrência dos fabricantes de seriados para as lojas de magazine, enquanto as marcas mais renomadas dos móveis planejados 100% editáveis atendem a classe A e B diretamente, ou através de especificadores (designers, arquitetos e decoradores), num mercado que dificilmente o marceneiro comum consegue chegar. Fica para o marceneiro um nicho de mercado próprio onde estes gigantes não chegam, pois não há viabilidade.
Mas agora, devido a crise, os especificadores passaram a comprar os móveis direto de fábricas, que se auto rotularam como "sob medidas", ou revendas que possuem plano de corte, bordeamento e furação que dão até suporte técnico em projetos e depois basta contratar por fora montadores indicados pelas mesmas. Existem até associações de montadores agora que atuam via APP e Site.
Mas a pergunta que não se cala:
Há montadores qualificados no mercado pra atender toda essa demanda?
Existem cursos específicos para captar interessados e dar o treinamento adequado?
Os montadores são valorizados adequadamente e possuem o mínimo de segurança?
No debate o Adriano Pimenta da Léo sob Medida defendeu que estes profissionais especificadores (designers, arquitetos e decoradores) não querem se responsabilizar por todo o processo de marcenaria....
"Esses profissionais não se interessam em assumir a responsabilidade total da marcenaria, não tem conhecimento técnico pra isso, se fosse assim tb poderiam montar a marcenaria, aqui na Sob Medida trabalhamos somente com quem tem propriedade de executar marcenaria . Vendemos somente para profissionais como vc, não existe essa tendência pois o móvel no Brasil tem um nível de complexidade que exige conhecimento,arquitetos e Designers estudaram para criar tendências, não tem nenhuma vivência em estruturação, por isso esse mercado é muito improvável que surja, e com certeza não seremos nós da Sob medida a fomentar, seria uma nova faculdade, vocês estão prontos ."
Minha resposta:
"Gosto do seu discurso.... Mas percebo outra tendência no mercado, e é esta que postei.... Porém também acho que não vai virar moda exatamente por causa de tudo o que vc postou.... A não ser que um ARQUITETO DE VERDADE crie e ajuste este novo sistema de trabalho...... Digo por uma abordagem coletiva, claro...... Resta saber qual sistema oferece mais vantagens à sociedade como um todo antes de fomentar qualquer vertente, claro.....analisar impactos....Uma coisa não pode ser negada: Estamos na era dos autônomos, dos freelancers!!!"
No desenrolar do debate deu pra perceber uma forte reação contrária a este movimento de centralização das atividades nas mãos de autônomos (MEI), freelancers e informais... Percebi bastante preconceito e falta de visão social perante a crise.
Obviamente que tudo isso tende a passar com o recuo da crise, porém acredito mais num contexto onde autônomos bem resolvidos vão dominar o mercado atuando através de sistemas de associação/cooperativas do que um retorno ao sistema anterior onde poucos empresários ganhavam muito assinando a carteira de trabalho de equipes enormes onde cada um cuidava de um processo.
Com o advento da indústria 4.0 no setor moveleiro teremos fábricas totalmente automatizadas servindo sistemas cada vez mais complexos de autônomos via APPs, e isso é inevitável.
Bem sabemos que a percepção de qualidade de vida de quem trabalha por conta é maior, mesmo ganhando menos, pois não possuir chefe e ter horários flexíveis, fora a possibilidade de ganhar mais, é algo que atrai a maioria dos brasileiros que por natureza são empreendedores.
Os autônomos devem só tomar cuidado com imprevistos e planejar muito bem a aposentadoria.
Mas segundo estudos que achei na rede, muitos autônomos afirmam que não pretendem se aposentar, e outros dizem que possuem plano B...
Conclusão:
Devemos passar a dar mais moral aos montadores! As industrias através do SENAI ou de ações conjuntas ou particulares devem promover cursos de captação de jovens interessados e capacitação dos mesmo. Devemos parar de ver esta profissão como um bico de desempregado e profissionalizar os autônomos.
Da mesma forma devemos acolher os designers e arquitetos que queiram se especializar e assumir maiores responsabilidades, formar equipes ou fazer parte de um sistema bem montado pelas fábricas ou revendas, pois lutar contra isso não vai funcionar, melhor a fazer é fomentar e abrir oportunidades para essa turma se capacitar ainda mais.